SETE DE SETEMBRO

Foi um dia de glória! – O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!

Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo brado da vitória:
– Independência ou morte!

O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões – do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!

Anos correram; – no torrão fecundo
Ao sol de fogo deste novo-mundo
A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente
À copa altiva da árvore frondente
Segura se abrigou!

A roda da bandeira sacrossanta
Um povo esperançoso se levanta
Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta,
E – livre – marcha pela estrada aberta
Às glórias do porvir!

O país, n’alegria todo imerso,
Velava atento à roda só dum berço.
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo,
Vede agora, Senhor, na voz do povo
Quão grande é seu amor!

(Casimiro de Abreu)

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